sexta-feira, 8 de abril de 2011

Passeio no Restaurante Huaca Pucllana.

Tendo em vista que, apesar deste blog ser de Direito Eleitoral, as estatísticas do blogspot apontam que a matéria sobre o Jantar no Astrid y Gaston é disparada a mais acessada, estou pensando em mudar o nome deste blog de ELEITORAR para ENGORDAR. Acho que comida dá mais ibope.

Cumprindo minha agenda gastronômica, finalmente fui ao Restaurante Huaca Pucllana. É necessário explicar, antes de adentrar ao aspecto culinário, que Huaca é lugar onde uma divindade é cultuada – mas pode ser também a própria divindade. Em Lima existem duas Huacas: a Malena e a Pucllana. A Malena é muito mais conservada e certinha, a Pucllana é mais “detonada e toda torta”. Não sei se é verdade, mas a pessoa que me indicou o Restaurante disse que as autoridades peruanas custaram a descobrir a Huaca Pucllana e, quando perceberam, ela estava bem destruída. Em resumo, as huacas são templos de adoração, em forma de pirâmide, em que se faziam sacrifícios, como nos filmes de Indiana Jones. As Huacas são culturas anteriores aos Incas e por isso são chamadas de pré-incas.






Em Miraflores – um excelente distrito de Lima – tem a Huaca Pucllana, que significa “Templo dos Adoradores del Mar”, sendo que neste local há um famoso restaurante que recebe o nome do lugar.

Não foi difícil fazer a reserva. Liguei no final da tarde e fui prontamente atendido, marcando-se o jantar para as 21:00 h. A chegada ao local é muito bonita, com uma rua cheia de árvores  e belas residências. A entrada da Huaca também é bem majestosa. De um lado há a possibilidade de adentrar ao restaurante e de outro às pirâmides. Dúvida cruel: o que fazer primeiro? Óbvio que fui no Restaurante. Quando lá cheguei e vi que não estava cheio, pedi para conhecer a Huaca antes do jantar. Paga-se 10 soles – cerca de 7 reais – para entrar na Huaca Pucllana e seu funcionamento vai até as 22:30 h.

Somente é possível entrar na Huaca com um guia. Fui com a guia e dois espanhóis. Para nós brasileiros não é muito bom ir com outras pessoas que falam espanhol, pois compreendemos melhor quando falam devagar. Eu estava cheio de dúvidas, como: “onde vinha a água, se não chove? Quem colocou o restaurante aqui e se era uma concessão administrativa?  Tinha guerra com a outra Huaca, ou o pessoal era amiguinho? Tinha que fazer o sacrifício apenas com o pessoal dessa Huaca ou poderia pegar o pessoal da outra Huaca? Mas tive que me conter pra não atrapalhar o passeio do pessoal.

Pode parecer bobagem ver uma porção de tijolinhos em cima do outro e muita poeira, mas é interessante pensar que toda uma civilização, completamente maluca, viveu ali. Este pessoal vivia fazendo sacrifícios. O canal nesta época era ser o sacerdote e bastava fazer a seguinte previsão: “Durante 50 anos vai chover forte apenas uma única vez”. Em Lima nunca chove, mas se der um azar e chover, vai ser pelo menos uma vez. Alguns truques de mágica também vão bem.

Voltando ao Restaurante, pois dicas de culinária é o que atrai leitores e não divagações sobre o que eu faria se fosse sacerdote de Huaca Pucllana, pedi uma bebida peruana e o garçom chegou com uma Inka Cola – um refrigerante do Peru, muito famoso. Evidentemente pedi pra ele voltar porque não queria um refrigerante, mas uma bebida que o povo peruano gosta de beber. O garçom me trouxe,então, uma Coca Sour.

Achei muito gostosa a bebida que, inclusive, tinha um matinho de enfeite na espuma. Parece uma caipirinha com um amarguinho. Perguntei o garçom o nome da bebida e o que tinha nela. Ela me disse: Pisco – uma espécie de cachaça de uva – e folha de coca. Quem mandou pedir o que os peruanos bebem? No prato, preferi não pedir o que os peruanos comem! Quanto ao matinho que estava por cima da espuma, é uma folha de coca.
O garçom sempre deixa em uns pãezinhos em cima da mesa, com pouca variedade. Comi apenas 4 deles. São até saborosos, mas nada de especial.

Uma coisa interessante aconteceu neste restaurante. Como eu estava jantando sozinho em um famoso restaurante, anotando minhas impressões gastronômicas em um caderno e ainda tirando foto dos pratos e do lugar, acredito que o pessoal do pensou que eu fosse algum crítico gastronômico, pois estavam sempre dois garçons próximos de mim dando toda a atenção. Nenhuma mesa tinha este atendimento.  Agora, quando eu jantar sozinho, sempre levarei um caderninho pra fazer anotação e uma máquina fotográfica. Se bobear, ainda ensaio um sotaque Frances. Imagina falar um portunhol com sotaque Frances!

Como entrada, pela sugestão do garçom, pedi uma unha de caranguejo e lagostinhas com salsa, limão e Canela da China. Isto é uma espécie de empanado de lagosta com o recheio de caranguejo. Não achei grande coisa! Também não gostei do molho de limão e canela da China, pois eu odeio canela. Utilizei um molho delicioso e apimentado que me trouxeram.

No Prato principal, também seguindo a sugestão do garçom, pedi um cordeiro. Este prato na fotografia pode parecer bem normal, mas não é. Além de ter um queijo parmesão derretido e duro que não combinou com o prato, o arroz – que parece o piamontese – deve ser  feito com batata doce. A carne estava deliciosa e sem aquele rancinho que normalmente tem o cordeiro. Muito macia, quase desmanchava na boca.

A Sobremesa foi a mais estranha que já vi. Depois de estar cheio – mais uma vez o culpado são os pãezinhos –, aceitando a sugestão do garçom, ele me trouxe 4 copinhos de sobremesa. Comi os copinhos da direita para a esquerda.

O primeiro tinha em sua superfície uma calda gelada e muito saborosa de morando, abaixo um suspiro e mais abaixo uma batida de limão, feita com pisco.
O segundo copo tinha umas bolinhas de chocolate com gosto e textura de piruá – aquele milho de pipoca de não estoura. Depois vem um creme que parece doce de abóbora com amarula. Por fim, ao fundo do copo tem um chocolate duro e amargo.
O terceiro copo tem uma frutinha amarela, que não sei o nome e já estava cheio demais pra puxar papo com o garçom, que parece uma mistura de tomate com acerola. É até gostosa. Depois um creme parecido com o do sorvete Eskibom, mas sem o chocolate, com uma calda frutada de laranja e depois uma paçoca. Esta mesma ordem e repetida no copo (creme, calda e paçoca). Se não fosse a paçoca este copo ia ser perfeito.
Por fim, o quarto copo. Neste momento tava dando desespero de tão cheio que eu estava. Imediatamente pedi a conta e passei a encarar o último desafio. Por cima tem um chantily com canela – eu odeio canela e odeio ainda mais quando eu estou lotado – depois eu doce de leite não muito doce e no fim do copo uma espécie de casquinha de sorvete com açúcar derretido.

Ufa! Acabou. Preferi pagar a conta com soles porque o cartão de crédito faria demorar ainda mais. Fui embora.

Ainda não comi a famosa carne de alpaca. Tanto no Restaurante Huaca Pucllana quanto no Astrid e Gaston não tinham esta carne peruana.

O Restaurante é muito bom. Sua decoração é espetacular, sem contar que a vista da Huaca é uma coisa mágica. Mas não encontrei ali o tempero peruano.  Se me perguntarem eu seu recomendo o Restaurante, eu responderia que sim. É um lugar quase que obrigatório pra quem vem a Lima. Mas se se procura um local com uma boa comida peruana, este não é o lugar indicado.

3 comentários:

  1. Paisagem espetacular! 4 copos de sobremesa é 10!Só o "matinho de enfeite na espuma" conflita com o clima. OBS: Levar caderno, tendo um BLACKBERRY é fogo!
    Rodrigo Paiva-

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  2. Rodrigo, meu Blackberry morreu afogado. Não sobreviveu ao tsuname que enfrentei na Serra do Cipó!

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  3. Olá Wederson! Esse restaurante tem algum prato que não tenha carne, frango ou peixe? estou indo pra lá e sou vegetariana!

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