domingo, 10 de abril de 2011

Peru 13:20 h – No local de votação


O dia de votação no Peru é muito semelhante ao Brasil. Muito tumulto próximo aos locais de votação, muita venda de picolé e churrasco. Por recomendação de um infectologista que conheci recentemente e que me indicou vários lugares de Lima, não encarei o churrasquinho, apesar da enorme tentação de comer um pedaço de carne muito estranho.

Tinha combinado com o taxista, meu guia em Lima, Juan Carlos, às 11:00 h, visitar os locais de votação, mas ele não conseguiu chegar porque o trânsito está mais infernal que o de costume.  Deve ser a soma: muito taxi, dia de votação, muitas pessoas na Rua, mais o ingrediente especial dos domingueiros. Decidi caminhar um pouco, inclusive para verificar se há boca de urna.

Do lado de fora é um tumulto grande, igual ao Brasil. De dentro do Colégio, se não fossem os policiais e o exército – no Brasil só é permitido ficar do lado de fora – poderíamos dizer que estamos no Brasil. É aquele tumulto de sempre: eleitores que não sabem onde voltar, pessoas perdidas, gente aguardando do lado de fora, outras que não tem o que fazer, amigos de infância se reencontrando. Tem de tudo! Outra coisa interessante é que o eleitor é obrigado a banhar parte seu dedo médio em uma tinta difícil de sair. Isto é para evitar que alguém vote mais de uma vez. Porém o funcionário do Hotel me explicou uma fórmula pra retirar a tinta.

Quando cheguei, fiquei do lado de fora vendo um pouco do movimento. Não vi boca de urna. Somente um peruano com uma camisa escrito “brasil” – minúsculo mesmo – dizendo em voz alta o nome de “Ollanta”, um dos candidatos a Presidente do Peru. Vi que os policiais pediam que os eleitores mostrassem o documento para entrar no Colégio e percebi que poderia ter problemas para entrar. Resolvi conversar com um Policial com cara de bonzinho, expliquei que queria conhecer o processo eleitoral peruano e ele autorizou minha entrada.

Dentro do Colégio, achei que tudo estava muito fácil e resolvi fazer um pouco de barulho e movimentação. Vi um funcionário da ONPE e pedi permissão para fotografar o lugar. Sem saber o que fazer, procurou um funcionário do JNE. Este, por sua vez, procurou a supervisora do JNE. A supervisora, da mesma forma, me pediu uma identificação e a levou para consultar ao chefe da ONPE. Depois de alguns minutos ela me chamou para uma audiência com o chefe da ONPE. Falando portunhol e o chefe da ONPE falando Ingleshol, traçamos um diálogo complicado. Depois de consultar a legislação eleitoral, que não prevê a situação de fotografias, ainda mais de um estrangeiro, apresentar toda documentação que eu tinha, tiraram minha foto com um celular e me pediram cópia de toda documentação.

Onde achar um Xerox aberto no dia de domingo e, ainda, dia de eleição? Como eu estava achando aquilo muito enriquecedor, resolvi procurar o lugar. Depois de andar um pouco – na verdade, bastante –, quando estava quase desistindo, encontrei o lugar que tirou a cópia da documentação. Aposto que o chefe da ONPE pensou que eu não conseguiria.

Levei as cópias para o chefe da ONPE, sendo solicitado que eu aguardasse. Foi deliberado que eu só tinha autorização para tirar 10 fotos. Na verdade eu ia tirar somente 2, mas como o pessoal foi muito bacana, tirei 5 fotos.

Não satisfeito, fui até o chefe da ONPE para saber se as fotos que tirei estão autorizadas ou se deveria deletar alguma delas. A autoridade, analisou detidamente cada foto. Senti que ele queria impedir alguma delas, mas como eram todas praticamente iguais, não tinha como retirar alguma delas.

Agradeci a atenção, pedi desculpa pelo incômodo e fui embora.

Como no Brasil, me impressiona como a pequena autoridade se sente importante quando cria uma série de burocracia para impedir que algo simples seja feito. Como estou em um processo de estudo, todos estes fatos são enriquecedores para mim. Evidentemente que o mais importante não eram as fotografias, mas sim o pedido de autorização. Porém, se fosse algo muito importante, eu ia ficar muito bravo com as absurdas exigências.

Contudo, o mais importante é que, pelo menos na capital, as eleições transcorrem perfeitamente e as fotos permitidas pela autoridade da ONPE seguem abaixo:  





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